sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL!

 Um menino nos nasceu, um filho se nos deu. Seu nome, maravilhoso, Deus forte, pai de eternidade, principe da paz" Feliz Natal a todos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Orçamento para educação no Plano Nacional é preocupante, diz especialista

Orçamento para educação no Plano Nacional é preocupante, diz especialista

Sarah Fernandes
As diretrizes de orçamento do novo Plano Nacional de Educação, lançado na última quarta-feira (14/12), são considerada tímidas e preocupantes para movimentos ligados à área. Isso porque o investimento público direcionado ao ensino foi considerado insuficiente para cumprir as metas estabelecidas.

O Plano — que vai nortear as políticas públicas de ensino entre 2011 e 2020 — prevê repassar 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para área até 2020. No entanto, a Conferência Nacional de Educação (Conae), onde foram levantadas as diretrizes, aprovou esse valor até o final de 2011, sendo que o montante deveria seguir crescendo, até alcançar 10% em 2014.

Em 2009 a educação recebeu 5% do PIB, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

“Os valores sugeridos pela Conae partiram de estudos e pesquisas. Para cumprir as metas precisaríamos de pelo menos 8% do PIB para educação, mantendo esse valor por no mínimo seis anos”, afirma o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.

O eixo de orçamento tem sido o mais polêmico no Plano, desde as votações na Conae. O primeiro lançamento do documento, marcado para 29 de novembro, foi adiado devido a revisões nas diretrizes de investimento, como afirmou o Conselho Nacional de Educação na época.

“Só poderemos dar conta do Plano se houver dinheiro público para educação”, afirma o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches. “A própria presidente eleita se comprometeu com a necessidade de chegar a 7% pelo menos até 2014”.

Entre as estratégias previstas no Plano para alcançar os 7% do PIB está garantir fonte de financiamento permanente, aperfeiçoar mecanismos de acompanhamento da arrecadação e destinar recursos do Fundo Social ao desenvolvimento do ensino.

“O melhor rendimento em avaliações como Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] e Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] são exatamente das regiões com mais recursos”, avalia Sanches. “Mais verba significaria melhor infraestrutura e uma carreira mais atraente para os professores”.

Custo por aluno

A inclusão do Custo Aluno Qualidade (CAQi) no Plano foi considerada fraca pelos especialistas. O indicador, que determina um valor mínimo de investimento por aluno por ano, foi um dos pontos mais debatidos e bem aceitos da Conferência.

“O documento determina que, em 10 anos, o indicador deve ser definido, porém é muito tempo para esse processo. O ideal que é que ele seja implantado nesse período”, afirma Daniel Cara, da Campanha Nacional pela Educação.

Ele prevê acompanhar a aprovação do documento no Congresso Nacional para pedir a revisão dessa estratégia. Além disso, vai apresentar um conjunto de emendas para aperfeiçoar o Plano, sugerindo ações voltadas especificamente para estados e municípios e a elaboração de metas intermediárias, que deveriam ser cumpridas antes dos 10 anos de validade do plano.

Mudanças e acertos

Para o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Carlos Sanches, o Plano teve acertos, como a pré-determinação notas do Ideb dos próximos anos e a atenção à educação de indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais.

No entanto, elas ficaram enfraquecidas em políticas complementares, como o transporte. “O Plano apresenta estratégias apenas para as frotas de veículo, mas esse não é o único fator determinante do transporte escolar”, avalia.

sábado, 11 de dezembro de 2010

NOEL ROSA


O Rio onde Noel vive

Taberna que artista frequentava ainda existe na Glória, assim como o casario da Rua das Marrecas, outros lugares homenageiam o compositor

KAMILLE VIOLA

A rainha de bateria Sabrina Sato é uma das atrações dos ensaios semanais da agremiação | Foto: Ag. News
Rio - Em 11 de dezembro de 1910 nascia Noel Rosa, um dos maiores nomes da música brasileira. Exatos cem anos depois, não é só no imaginário popular ou no coração dos fãs que ele ainda vive: ainda resistem na cidade lugares que fizeram parte da história do compositor.
Noel viveu e cantou Vila Isabel a ponto de sua história fundir-se com a do bairro. Logo na entrada da Avenida Vinte e Oito de Setembro, a principal do lugar, há uma estátua do compositor, inaugurada em 22 de março em 1996. Ela traz Noel sentado diante de uma mesa de bar, cigarro à mão, copo à frente, servido por um garçom. As calçadas da mesma rua têm a partitura de 'Feitiço da Vila', construída em 1965. A Rua Noel Rosa foi assim batizada em 1950 e há um túnel com o nome.
Ainda estão no bairro a chaminé e a fachada da fábrica de tecidos Confiança, eternizada por Noel na música 'Três Apitos'. Aberta em 1885, ela fi cou em atividade até 1964. Hoje, funciona no local um supermercado. Ali perto, está a vila operária, onde viviam os empregados das fábricas do bairro.
Até não muito tempo atrás, resistia em Vila Isabel, apesar das mudanças na fachada, a casa projetada por Manuel Garcia de Medeiros Rosa, o pai de Noel, onde a família viveu quando o chalé (erguido pelo avó de Noel, Eduardo Correa de Azevedo) estava em más condições. Ficava no número 195 da Rua Teodoro da Silva (hoje orrespondente ao 483). Atualmente, o terreno é ocupado por uma ofi cina de refrigeração e a casa teria sido derrubada há 16 anos, dando lugar a um galpão.
O quarteirão mais animado da Lapa no tempo de Noel começou a vir abaixo na década de 1960. No entanto, não muito longe, na Rua das Marrecas, resta um pouco do Rio do tempo do compositor: a rua mantém alguns de seus antigos sobrados. "Era ali que Vadico, parceiro dos mais importantes que o Noel teve, tinha seu quarto, com piano — ele tocava no cabaré onde Noel ia namorar, o Apollo. A casa do Vadico era muito usada para encontros amorosos", conta Carlos Didier, biógrafo do Poeta da Vila.
Outro ponto de encontro era a Taberna da Glória, na Rua do Russel. Embora tenha se mudado, para poucos metros depois (em 1972, com as obras do metrô), internamente mantém a decoração original — foi lá, por exemplo, que Noel Rosa levou Araci de Almeida quando se conheceram.
A parceria com Nássara
Entre os 56 parceiros musicais de Noel Rosa, estava outro ilustre artista, que também completaria 100 anos em 2010: o cartunista e compositor Nássara. Ao contrário do amigo, no entanto, ele pouco foi lembrado: apenas pelo livro 'Nássara Passado a Limpo' (ed. José Olympio), de Carlos Didier (também biógrafo de Noel), a ser lançado ainda em dezembro.
Antônio Gabriel Nássara nasceu exatamente um mês antes de Noel, em São Cristóvão, mas logo se mudou para a Vila Isabel. Foi lá que conheceu Noel, onde os dois frequentavam lugares como o Martinez, o botequim do Carvalho, o Ponto de 100 Réis e o Café Ponto Chic.
Nássara morava na Rua Teodoro da Silva, no mesmo trecho do bangalô – casa construída pelo pai de Noel –, onde o compositor viveu durante seu tempo de aluno do Colégio São Bento.
Desde 1927, Nássara já fazia caricaturas para jornais e revistas. Mas depois revelou também o talento de compositor — é dele a clássica 'Alá-la-ô', hino dos carnavais até hoje. Ele e Noel fi zeram juntos duas marchas: 'Retiro da Saudade' (1934) e 'Que Baixo' (1936).
A primeira tem uma história curiosa: Noel começa a cantar a música no rádio, com outra letra. Nássara brinca com o amigo "que foi passado para trás". Uma semana depois, Noel o procura para assinar contrato com a gravadora. E chama Carmem Miranda e Francisco Alves, maiores cantores da época, para cantar os versos que compôs com Nássara no único disco que gravaram juntos.
Jorginho do Império vai homenagear o poeta | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
Com a palavra, Jaguar
Mais do que justa qualquer homenagem ao centenário de Noel Rosa. Já o Nássara, outro genial compositor, que nasceu um mês antes dele, quase não foi lembrado. Na foto acima, batida por mim há uns 20 anos, em Vila Isabel, os dois cariocas emblemáticos evocam as rodas de bamba no Café Nice, frequentadas por craques da música, como Orestes Barbosa e Haroldo Lobo, e do futebol: Leônidas – o Diamante Negro – e Domingos da Guia. Noel e Nássara foram parceiros no samba 'Retiro da Saudade' (1934), gravado "apenas" por Francisco Alves em dueto com Carmem Miranda. No coro: Os Diabos do Céu. O Café Nice fi cava onde hoje é a sede da Caixa Econômica, no Centro. Atenção, galera americanizada: pronuncia-se nice e não naice!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

WIKILEAKS merece protecção, não ameaças e ataques.

Não matem o mensageiro por revelar verdades incómodas. por Julian Assange [*]



Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor do jornal The News, de Adelaide, escreveu: "Na corrida entre o segredo e a verdade, parece inevitável que a venda sempre vença".

A sua observação talvez reflicta o desmascaramento feito pelo seu pai, Keith Murdoch, de que tropas australianas estavam a ser sacrificadas inutilmente nas praias de Galipoli por comandantes britânicos incompetentes. Os britânicos tentaram calá-lo mas Keith Murdoch não foi silenciado e os seus esforços levaram ao término da desastrosa campanha de Galipoli.

Aproximadamente um século depois, WikiLeaks está também a publicar destemidamente factos que precisam ser tornados públicos.

Criei-me numa cidade rural em Queensland onde as pessoas falavam dos seus pensamentos directamente. Elas desconfiavam do governo como de algo que podia ser corrompido se não fosse vigiado cuidadosamente. Os dias negros de corrupção no governo de Queensland antes do inquérito Fitzgerald testemunham do que acontece quando políticos amordaçam os media que informam a verdade.

Estas coisas ficaram em mim. WikiLeaks foi criado em torno destes valores centrais. A ideia, concebida na Austrália, era utilizar tecnologias da Internet de novas maneiras a fim de relatar a verdade.

WikiLeaks cunhou um novo tipo de jornalismo: jornalismo científico. Trabalhamos com outros media para levar notícias às pessoas, assim como para provar que são verdadeiras. O jornalismo científico permite-lhe ler um artigo e então clicar online para ver o documento original em que se baseia. Esse é o modo como pode julgar por si próprio: Será verdadeiro este artigo? Será que o jornalista informou com rigor?

Sociedades democráticas precisam de meios de comunicação fortes e WikiLeaks faz parte desses media. Os media ajudam a manter o governo honesto. WikiLeaks revelou algumas verdades duras acerca das guerras do Iraque e Afeganistão, e desvendou notícias acerca da corrupção corporativa.

Há quem diga que sou anti-guerra: para que conste, não sou. Por vezes os países precisam ir à guerra e há guerras justas. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir ao seu povo acerca daquelas guerras, pedindo então a estes mesmos cidadãos para porem as suas vidas e os seus impostos ao serviço daquelas mentiras. Se uma guerra é justificada, então digam a verdade e o povo decidirá se a apoia.

Se já leu algum dos registos da guerra do Afeganistão ou do Iraque, algum dos telegramas da embaixada dos EUA ou algumas das histórias acerca das coisas que WikiLeaks informou, considere quão importante é para todos os media ter capacidade para relatar estas coisas livremente.

WikLeaks não é o único divulgador dos telegramas de embaixadas dos EUA. Outros media, incluindo The Guardian britânico, The New York Times, El Paisna Espanha e Der Spiegel na Alemanha publicaram os mesmos telegramas.

Mas é o WikiLeaks, como coordenador destes outros grupos, que tem enfrentado os ataques e acusações mais brutais do governo dos EUA e dos seus acólitos. Fui acusado de traição, embora eu seja australiano e não cidadão dos EUA. Houve dúzias de apelos graves nos EUA para eu ser "removido" pelas forças especiais estado-unidenses. Sarah Palin diz que eu deveria ser "perseguido e capturado como Osama bin Laden", um projecto de republicano no Senado dos EUA procura declarar-me uma "ameaça transnacional" e desfazer-se de mim em conformidade. Um conselheiro do gabinete do primeiro-ministro do Canadá apelou na televisão nacional ao meu assassinato. Um bloguista americano apelou a que o meu filho de 20 anos, aqui na Austrália, fosse sequestrado e espancado por nenhuma outra razão senão a de atingir-me.

E os australianos deveriam observar com nenhum orgulho o deplorável estímulo a estes sentimentos por parte de Julia Gillard e seu governo. Os poderes do governo australiano parecem estar à plena disposição dos EUA quer para cancelar meu passaporte australiano ou espionar ou perseguir apoiantes do WikiLeaks. O procurador-geral australiano está a fazer tudo o que pode para ajudar uma investigação estado-unidense destinada claramente a enquadrar cidadãos australianos e despachá-los para os EUA.

O primeiro-ministro Gillard e a secretária de Estado Hillary Clinton não tiveram uma palavra de crítica para com as outras organizações de media. Isto acontece porque The Guardian, The New York Times Der Spiegel são antigos e grandes, ao passo que WikiLeaks ainda é jovem e pequeno.

Nós somos os perdedores. O governo Gillard está a tentar matar o mensageiro porque não quer que a verdade seja revelada, incluindo informação acerca do seu próprio comportamento diplomático e político.

Terá havido alguma resposta do governo australiano às numerosas ameaças públicas de violência contra mim e outros colaboradores do WîkLeaks? Alguém poderia pensar que um primeiro-ministro australiano defendesse os seus cidadãos contra tais coisas, mas houve apenas afirmações de ilegalidade completamente não fundamentadas. O primeiro-ministro e especialmente o procurador-geral pretendem cumprir seus deveres com dignidade e acima da perturbação. Fique tranquilo, aqueles dois pretendem salvar as suas próprias peles. Eles não conseguirão.

Todas as vezes que WikiLeaks publica a verdade acerca de abusos cometidos por agências dos EUA, políticos australianos cantam um coro comprovadamente falso com o Departamento de Estado: "Você arriscará vidas! Segurança nacional! Você põe tropas em perigo!" Mas a seguir dizem que não há nada de importante no que WikiLeaks publica. Não pode ser ambas as coisas, uma ou outra. Qual é?

Nenhuma delas. WikiLeaks tem um historial de publicação quatro anos. Durante esse tempo mudámos governos, mas nem uma única pessoa, que se saiba, foi prejudicada. Mas os EUA, com a conivência do governo australiano, mataram milhares de pessoas só nestes últimos meses.

O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, admitiu numa carta ao congresso estado-unidense que nenhumas fontes de inteligência ou métodos sensíveis haviam sido comprometidos pela revelação dos registos de guerra afegãos. O Pentágono declarou que não havia evidência de que as informações do WikiLeaks tivessem levado qualquer pessoa a ser prejudicada no Afeganistão. A NATO em Cabul disse à CNN que não podia encontrar uma única pessoa que precisasse de proteger. O Departamento da Defesa australiano disse o mesmo. Nenhuma tropa ou fonte australiana foi prejudicada por qualquer coisa que tivéssemos publicado.

Mas as nossas publicações estavam longe de serem não importantes. Os telegramas diplomáticos dos EUA revelam alguns factos estarrecedores:
  • Os EUA pediram aos seus diplomatas para roubar material humano pessoal e informação de responsáveis da ONU e de grupos de direitos humanos, incluindo DNA, impressões digitais, escanerização de íris, números de cartão de crédito, passwords de Internet e fotos de identificação, violando tratados internacionais. Presumivelmente, diplomatas australianos na ONU também podem ser atacados.
  • O rei Abdula da Arábia Saudita pediu que os EUA atacassem o Irão.
  • Responsáveis na Jordânia e no Bahrain querem que o programa nuclear do Irão seja travado por quaisquer meios disponíveis.
  • O inquérito do Iraque na Grã-Bretanha foi viciado para proteger "US interests".
  • A Suécia é um membro encoberto da NATO e a partilha da inteligência dos EUA é resguardada do parlamento.
  • Os EUA estão a agir de forma agressiva para conseguir que outros países recebam detidos libertados da Baia de Guantanamo. Barack Obama só concordou em encontrar-se com o presidente esloveno se a Eslovénia recebesse um prisioneiro. Ao nosso vizinho do Pacífico, Kiribati, foram oferecidos milhões de dólares para aceitar detidos.
Na sua memorável decisão no caso dos Pentagon Papers, o Supremo Tribunal dos EUA declarou: "só uma imprensa livre e sem restrições pode efectivamente revelar fraude no governo". Hoje, a tempestade vertiginosa em torno do WikiLeaks reforça a necessidade de defender o direito de todos os media revelarem a verdade.
08/Dezembro/2010
[*] Editor-chefe do WikiLeaks.

O original encontra-se em www.theaustralian.com.au/... 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Menino Jesus era traquinas e até fazia malvadezas, mostra livro de padre



ARIADNE ARAÚJO
colaboração para a Livraria da Folha
Divulgação
Livro de franciscano mostra um Jesus travesso na infância
Livro de franciscano mostra um Jesus travesso na infância


Um menino Jesus traquinas, que subia nos telhados, quebrava os cântaros alheios, brincava com leõezinhos, apaziguava dragões, transformava crianças em carneiros e, vez ou outra, fazia também malvadezas. Zangado, podia amaldiçoar e punir com a morte quem lhe enfrentasse. Outras vezes, para tirar uma história a limpo e provar que não tinha culpa de uma morte casual, ressuscitava mortos para que contassem o que aconteceu, depois os mandava dormir o sono eterno outra vez.
Em "Infância Apócrifa do Menino Jesus: histórias de ternura e de travessuras" (Vozes), o padre franciscano Jacir de Freitas Faria pesquisou em textos antigos, chamados de evangelhos apócrifos, ou seja, que não entraram na lista oficial para a Bíblia, e descobriu que Cristo foi uma criança sábia, inteligente, obediente aos pais, mas também muito peralta. Segundo ele, todos os textos pesquisados convergem para um mesmo ponto: "demonstrar o poder do Menino Jesus, sua divindade e sua humanidade".
Segundo os evangelhos apócrifos, Jesus foi concebido, através do Espírito Santo, no dia 6 de abril, numa terça-feira, às 15h. Ainda bebê, já era capaz de fazer milagres. Tocar nele ou nas suas fraldas era cura certa para todos os males e um expulsa demônios. A água de seu banho livrava leprosos da enfermidade. No colo de uma muda, ela voltou a falar. Onde ele chegou, ladrões e demônios fugiram e animais ferozes se converteram em mansos. O povo, ao ver tais eventos, dizia: "eles não podem ser simples mortais".
Já maior, costumava brincar com amiguinhos. Certa feita, nas terras de Moab, um deles subiu no muro do terraço e caiu de lá, bateu a cabeça numa pedra e morreu. Por medo do castigo dos pais, as outras crianças culparam o pequeno estrangeiro, Jesus, dizendo que ele tinha empurrado o menino de cima do muro. Interrogado, Jesus tentou explicar o acontecido, mas as testemunhas o incriminavam. Aborrecido, ele, então, ressuscitou o morto e lhe ordenou que contasse a verdade. Depois, mandou que voltasse ao mundo dos mortos outra vez.
Outra vez, de novo com amiguinhos, brincava de fazer laguinhos interligados à beira do rio Jordão quando um dos meninos fechou a entrada da água para os canais. "Ai de ti, filho de morte, filho de Satanás. Ousas destruir o que eu fiz?", disse Jesus. Naquele instante, o menino caiu morto. Aflitos com a repercussão do caso, José e Maria pediram ao filho que não usasse sua força divina dessa forma. Então, para não entristecer a mãe, ele ordenou que o menino ressuscitasse. E assim foi.
A lista de histórias é de assombrar. Segundo padre Jacir, apesar dos textos apócrifos, jamais poderemos afirmar com certeza como foi a infância de Jesus. Afinal, esses relatos foram escritos no auge de disputas teológicas sobre a divindade e a humanidade de Jesus. E, para muita gente, "são pura fantasia". Mas, para o padre, eles têm o grande mérito de dar uma infância a Jesus e de mostrar que ele foi um menino igual aos outros. Ou seja, apesar sua divindade, fazia traquinagens e precisava, vez ou outra, do velho puxão de orelha dos pais.
*
"Infância Apócrifa do Menino Jesus"
Autor: Jacir de Freitas Faria
Editora: Vozes
Páginas: 160
Quanto: R$ 20,00
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha