quinta-feira, 21 de julho de 2011
Modelo para SP, bônus para docente em NY é cancelado
terça-feira, 19 de julho de 2011
Oswald de Andrade: o mais revolucionário dos modernos
Escritor modernista foi o homenageado na 9º edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ocorrida entre os dias 6 e 10 de julho.
JOÃO PAULO DA SILVA |
O escritor Oswald de Andrade |
• Inovador, polêmico, irônico, gozador. Oswald de Andrade é seguramente o maior nome do Modernismo no Brasil, embora alguns críticos insistam em relutar. Romancista, poeta e ensaísta inquieto, o escritor era por convicção um perturbador de ordens. A obra deste paulista, falecido em 1954, representou um corte sem precedentes com o passado parnasiano da cultura brasileira, cujo ponta-pé inicial foi dado com a Semana de Arte Moderna, em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Como uma tentativa de ajustar as contas com a história da literatura, a 9º edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ocorrida entre os dias 6 e 10 de julho, resolveu esse ano homenagear Oswald de Andrade, o mais revolucionário entre os modernos.
De burguês a militante socialista
Nascido em São Paulo em 11 de janeiro de 1890, pertencente a uma família rica, Oswald formou-se em Direito no ano de 1919 e fez carreira no jornalismo. Nesse período, realizou viagens pela Europa, onde travou contato com as vanguardas artísticas da época, principalmente o Futurismo. Foi o idealizador dos principais manifestos modernistas, a exemplo da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia, transformando-se em figura fundamental nos acontecimentos da cultura brasileira nos anos de 1920. Embora não se conheça ao certo de quem partiu a ideia da Semana de Arte Moderna, sabe-se pelo menos que já em 1920 Oswald de Andrade prometera para 1922 uma ação dos novos artistas “que fizesse valer o Centenário” (referência aos 100 anos da independência do Brasil).
Curiosamente, a vida e a obra de Oswald são absolutamente inseparáveis; talvez mais do que em qualquer outro escritor. Debochado e mestre da ironia, o artista viveu um importante divisor de águas em sua história, uma transformação que não poderia receber outro adjetivo que não fosse o de irônico. A mudança, inclusive, refletiria na produção literária do poeta. Riquíssimo fazendeiro de café, Oswald de Andrade se viu arruinado e falido do dia para noite em 1929, durante a crise econômica mundial. Convertido em “palhaço da burguesia”, o autor viu seu talento ofuscado e amargou anos difíceis. “Quando, depois de uma fase brilhante em que realizei nos salões do modernismo e mantive contato com a Paris de Cocteau e de Picasso, quando num só dia de débâcle do café, em 29, perdi tudo – os que se sentavam à minha mesa iniciaram uma tenaz campanha de desmoralização contra meus dias. Fecharam então num cochicho beiçudo o diz-que-diz que havia de isolar minha perseguida pobreza nas prisões e nas fugas. Criou-se então a fábula de que eu só fazia piada e irreverência, e uma cortina de silêncio tentou encobrir a ação pioneira que dera o Pau-Brasil e a prosa renovada de 22.”, chegou a se manifestar Oswald sobre o episódio.
Entretanto, o fato resultou numa essencial influência ideológica, sentida no romance Serafim Ponte Grande e na peça teatral O rei da vela, produzidas após 1930, onde análises críticas sobre a sociedade capitalista podem ser encontradas. Os agitados casos de amor também exerceram papel significativo na vida do escritor. Destes, destacam-se os casamentos com a pintora Tarsila do Amaral, em 1926, e com a escritora comunista Patrícia Galvão, a Pagu, em 1930, de quem Oswald recebeu influência política. A partir daí, ele passa a militar nos meios operários e chega a ingressar no Partido Comunista em 1931, onde permanece até 1945.
Pau-Brasil, Antropofagia e Modernismo
As mudanças inauguradas pela Semana de Arte Moderna foram profundamente influenciadas pelas transformações ocorridas no mundo no início do século 20. Grandes invenções, desenvolvimento científico e tecnológico, lutas sociais, Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa formavam o cenário que permitiu historicamente o surgimento do Modernismo e suas renovações nas artes. No Brasil, o quadro social era pintado pelas primeiras greves operárias, pelo movimento Tenentista e a fundação do Partido Comunista. Foi neste panorama que Oswald de Andrade se tornou protagonista da revolução modernista, cujos reflexos atravessaram todo o século passado, marcando a Tropicália e a Poesia Marginal.
Oswald foi o principal responsável por dois dos mais expressivos movimentos modernistas: a Poesia Pau-Brasil, em 1924, e a Antropofagia, em 1928. No primeiro, o manifesto defendia a criação de uma poesia genuinamente brasileira, que revisasse criticamente o nosso passado histórico e se revoltasse contra a cultura acadêmica e a dominação européia, tão presentes no Parnasianismo. A Poesia Pau-Brasil reivindicava ainda a ideia de uma língua brasileira, na qual a ausência de erudição e a presença dos erros gramaticais seriam contribuições fundamentais. O poema “Pronominais” é um bom exemplo. “Dê-me um cigarro / Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco / Da Nação Brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / Me dá um cigarro.”.
No segundo movimento, o da Antropofagia, ao lado de Tarsila do Amaral e Raul Bopp, Oswald lança o mais radical dos manifestos artísticos. Neste, a proposta é devorar a cultura estrangeira e absorver o que nela há de melhor. Os artistas antropófagos, entretanto, não negam a cultura estrangeira, apenas não copiam nem imitam o que vem de fora. Assim como algumas tribos indígenas primitivas, que devoravam o inimigo acreditando assimilar suas qualidades, o movimento Antropofagia propunha devorar simbolicamente o estrangeiro e aproveitar as inovações artísticas, sem perder a identidade cultural. No manifesto, Oswald de Andrade brinca e sentencia ironicamente a questão: “Tupy or not tupy, that is the question”.
Os movimentos de Oswald em nada se pareciam com o nacionalismo ufanista e de clara inclinação fascista do manifesto Verde-amarelo, liderado por Plínio Salgado, que mais tarde se uniria ao integralismo.
O revolucionário modernista
Oswald de Andrade foi parte fundamental da revolução modernista pela qual passou a cultura brasileira nas duas primeiras décadas do século 20. O escritor reunia em si mesmo, na vida e na obra, a essência das características do Modernismo, tanto na poesia quanto na prosa ou no teatro. Reivindicava o nacionalismo com um olhar crítico da realidade brasileira, a valorização do falar cotidiano, o humor, a ironia, a paródia e a linguagem sintética. O legado de Oswald abriu caminho para que as gerações seguintes continuassem experimentando inovações literárias. Parte da crítica e do público considera o autor mais um intelectual destrutivo do que um escritor construtivo, o que não passa de uma injustiça. Se sua obra não é extensa, é ao menos desbravadora.
Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros, que também recebeu influência de Oswald, reconheceu a importância do primeiro modernista. “Não houve, no modernismo, personagem mais viva do que ele. Manteve até o fim, quando outros ‘heróis’ do movimento se haviam acomodado ou haviam evoluído, uma atitude tipicamente modernista”, disse Drummond. Toda a poesia de Oswald de Andrade pode ser encontrada num único volume, chamado Poesias Reunidas, onde estão incorporados os livros Pau-Brasil, Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade, Poemas Menores, Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão e O Escaravelho de Ouro. Na prosa, também merecem destaque as obras Os condenados (trilogia) e Memórias Sentimentais de João Miramar.
A literatura de Oswald de Andrade buscou incansavelmente o ideal de todo revolucionário: a liberdade. O modernista queria liberdade na forma e no conteúdo artístico, desejava uma cultura livre da tutela européia, livre das imitações dos “sapos” parnasianos. Prova disso o escritor deixou em seu livro de memórias, quando afirmou: “Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a palavra Liberdade e por ela briguei”. Sem dúvida alguma, uma luta justa. Na vida e na arte.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Carta do Cacique Mutua (dos Povos Xavantes) a todos os povos da Terra"
Carta do Cacique Mutua (dos Povos Xavantes) a todos os
povos da Terra"
O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã,
atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos. O irmão
Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer
as folhas das plantas lá fora. Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos
Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer água boa, água limpa. É o
nome do nosso rio sagrado. Como guiso da serpente, o Vento anunciou
perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva.
Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo. Xingu banha toda
a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos
curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.
Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença
de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio. O
lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O
nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a
barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe,
no canal do Panamá.
Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de
outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta.
Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar
vida, ficará triste como o índio.
Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo
Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe
desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes. Se o
rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o
peixe tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana,
que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para
servir nosso alimento.
Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre
no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo
das águas de sangue. Pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O
Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da
alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está
surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.
Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o
Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da
anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós. Quando
um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos
antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são
sagrados para o meu povo.
É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem
vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a
gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas
árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje,
somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto
tempo.
Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é
nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o
beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma
linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de
saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.
O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe
o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.
Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte
da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as
coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e
não gostam de muito esperar.
Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da
floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata,
e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão.
O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas
sombras dos seres mágicos da floresta. O espírito do Gavião Real agora
aparece rodopiando com suas grandes asas no céu. Com um grito agudo
perguntou: Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu? Meu coração
apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o
representante do reino dos homens. O espírito do Gavião Real diz que
se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio
se espalhará por toda a terra como sangue e seu cheiro será o da morte.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e
me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o
alimento virar areia.
A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos
espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com
cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu.
Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via
árvores.
Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio
perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas
no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta,
nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem
matar Xingu.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do
rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu
nódulo. Quem arrancou a pele da nossa mãe? gemeu a velha senhora num
sentimento profundo de dor. As palavras faltaram na minha boca. Não
tinha como explicar o mal que trarão à terra. Leve a nossa voz para os
quatro cantos do mundo clamou O Vento ligeiro soprará até as conchas
dos ouvidos amigos ventilou por último, usando a língua antiga,
enquanto as folhas no alto se debatiam.
Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens.
Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos
caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu
estava lá, e vi tudo acontecer.
Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto
nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi
ouvido.
O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar
reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o
Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento
para outros povos distantes do mundo.
O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela
que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus
mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.
Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é
minha dança! E este é o meu canto!
Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa
de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer.
Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra,
vamos nos fortalecer. Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!
Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a
terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e
fazer tudo crescer. Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas
águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu
clamando por viver.
Cacique Mutua",
Xingu, Pará, Brasil, 08 de junho de 2011
Que os bons de coração se inspirem! Na autênticidade e na
verdade de um nobre morador das terras do Xingú! ?Carta do Cacique
Mutua a todos os povos da Terra"
Mãe Terra nossa Natureza
Partido Comunista faz 90 anos, sustentado pelo capitalismo
China
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O Partido Comunista chinês completou 90 anos de fundação no dia 1o de julho. No comando do país mais populoso do planeta, o partido sobreviveu ao colapso dos regimes comunistas do século 20 e continua mais forte do que nunca.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Vive, no entanto, um paradoxo que precisa ser solucionado: uma moderna e dinâmica economia de mercado aliada a um Estado repressor que limita as liberdades individuais e que destoa das democracias em vigor nos demais países desenvolvidos.
Para se adaptar ao mundo globalizado, o PC chinês precisou adotar o modelo econômico capitalista. As reformas começaram em 1978. Em três décadas, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu numa média anual de 10%, tirando 400 milhões de pessoas da pobreza.
O "milagre" chinês transformou um país agrário e analfabeto na atual segunda maior potência econômica do mundo, atrás somente dos Estados Unidos.
Na política, o governo mantém o controle total sobre a vida dos chineses. Não tolera oposição, reprime com violência os dissidentes e censura a imprensa e a internet. O país vivencia uma das maiores ondas de repressão dos últimos anos, tendo como alvo os ativistas pró-democracia (inspirados pelas revoltas no mundo árabe), tibetanos e outras minorias étnicas.
Hoje, o partido gasta mais com segurança interna, na censura e repressão ao povo, do que com a própria segurança externa.
O regime ditatorial é o ponto fraco no domínio do partido, que sofre críticas de países ocidentais. Apesar disso, conta com o apoio da maior parte da população, beneficiada pelos avanços na área econômica.
O PC chinês foi fundado em 1921, numa reunião clandestina em Xangai, com apenas 53 integrantes (hoje possui 80,2 milhões de filiados, segundo dados oficiais). Entre os delegados presentes no primeiro encontro estava o líder revolucionário Mao Tsé-tung, então com 27 anos. O líder é cultuado até hoje naChina.
Massacres
O PC chegou ao poder em 1o de outubro de 1949, com a Revolução Chinesa, depois de combater os nacionalistas e os invasores japoneses. Nas três décadas seguintes, sob a liderança de Mao Tsé-tung, promoveu uma desastrosa campanha para modernizar o país que matou cerca de 20 milhões de pessoas de fome.
Em 4 de junho de 1989, o Exército Chinês tomou a praça da Paz Celestial(Tiananmen), em Pequim, e sufocou o maior protesto pró-democracia já ocorrido no país. Sete mil pessoas morreram, segundo estimativas de órgãos independentes.
Nos eventos de comemoração aos 90 anos, o governo quis deixar esse passado esquecido e divulgar os progressos recentes que tornaram o país rico. A festa foi um imenso esforço de propaganda, com o lançamento de um filme oficial sobre o partido, desfiles patrióticos e inauguração de obras como a mais extensa ponte sobre o mar do mundo, com 41,58 km, na cidade litorânea de Qingdao.
Em discurso na capital, o presidente e secretário-geral do PC, Hu Jintao, disse que o partido aprendeu com os erros do passado e que vai, daqui para a frente, combater a corrupção de membros do governo. A partir do ano que vem, a cúpula do partido começa a se renovar.
Revolução Chinesa
A China foi uma das civilizações mais avançadas do mundo antigo. Na era das dinastias, porém, o sistema feudal do Império deixou o país em desvantagem em relação às nações europeias. Assim, no início do século 19, o território chinês foi ocupado por estrangeiros.
A revolta contra o domínio colonial gerou levantes populares entre os camponeses, que perfaziam 80% da população. Foi nos campos que surgiram o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês), que proclamou a República entre 1911 e 1912, e o partido comunista.
No início, o PC e o Kuomintang eram aliados contra as potências colonialistas. Mas com o golpe militar em 1927, promovido pelos nacionalistas, os comunistas foram para a clandestinidade e adeririam à luta armada.
Sob a liderança de Mao Tsé-tung, o PC chinês derrotou o Partido Nacionalista e proclamou em 1949 a República Popular da China, como apoio da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
A China era então um país pobre, atrasado e destruído por mais de duas décadas de guerras civis. Por isso, Mao promoveu o Grande Salto Adiante (1958-1961), uma campanha de aumento da produção agrícola e industrialização. Os resultados, entretanto, foram catastróficos: milhões de chineses morreram de fome.
Outro período traumático foi a chamada Revolução Cultural, ocorrida entre 1966 e 1977. Nesta época, o exército prendeu, exilou e matou intelectuais e pessoas consideradas inimigas do governo.
Após a morte de Mao, Deng Xiaoping assumiu a liderança e realizou reformas políticas e econômicas, entre 1978 e 1980. As reformas tiveram como maior característica a abertura do mercado. Foram elas que garantiram a permanência do comunismo na China depois da queda dos regimes no Leste Europeu e possibilitaram que o país se tornasse uma das nações mais ricas do planeta.
O Partido Comunista chinês completou 90 anos de fundação no dia 1o de julho. As comemorações na capital Pequim contaram com discurso contra a corrupção no partido, inauguração de obras e desfiles patrióticos. |
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