Trabalho desde meus nove anos. Entregava leite de porta em porta, não sem antes ir buscar as vacas lá no campo sob a luz da lua como testemunha. A vida era difícil e sempre foi para min. Trabalho era coisa de gente boa. Minha mãe sabia que sofria com o frio, mas era necessidade aquela atividade.
Mais tarde, tornei-me um auxiliar de escritório. Trabalhei dez anos num escritório de uma empresa em que você só via uma coisa. A vida do patrão e dos filhos dele crescendo, crescendo e a minha e de meus companheiros estática como pedra. Nenhuma possibilidade de crescimento. Nunca faltei ao trabalho. Nunca mesmo. Talvez uma veizinha só: Na greve geral contra o famigerado José Sarney (hoje neoamigo de Lula) em 85 do século passado. No dia seguinte chega o jornal, corri para pegá-lo, o patrão foi mais rápido e viu a cena. Lá estava eu, capa do jornal da minha cidade. Estava com um apito na boca e batendo numa panela vazia. Não teve jeito. O patrão descobriu porque tinha faltado. Fiquei preocupado com as conseqüências. Mas nada aconteceu.
http://charges.uol.com.br/2010/06/28/tobby-entrevista-tiradentes/
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