quinta-feira, 31 de maio de 2012

O PLETSCH E O PRESTES.


O PLETSCH E O PRESTES
Era inicio de uma tarde de sexta na minha Lages. Meado dos anos 80. Estava no trabalho, toca o telefone, era o companheiro Clausmar Siegel, dizendo que  o Comandante Luiz Carlos Prestes estaria em Blumenau na FURB, às 19 horas para uma palestra. Fiquei louco. Pobre e sem grana, disse que daria a resposta em meia hora. O buzão da Rex ou Reunidas para Blumenau sairia às 15h30min. E “largava o trampo” às 18 horas. Fui até o patrão, implorei pra sair cedo e ainda  pedi uma “vale”, 50 paus.  Putzzzz era muita grana. Mas queria muito vê-lo.
Chegamos à Furb, lá pelas 18 horas. Deu 19 horas, 19 e trinta, 19 e trinta e um, 20 horas e nada do Comandante chegar. Entrei em desespero. Não ver o Prestes e ainda ter que pagar o “vale” de 50 paus.  Meu desespero foi tão grande, que comecei a andar pela Furb e ler todos os cartazes e placas. Precisava valer alguma coisa ter ido a Blumenau.
Derrepente, andando num dos corredores, isso já era 20h30min. Vejo um grupo de pessoas vindo em minha direção e eu indo em direção a elas. Quem estava vindo? Ele, o Cavaleiro da Esperança. (Com Maria Ribeiro e não Olga é claro) Ou seja, o Pletsch ia, e o Prestes vinha. Passa por mim, e cumprimenta-me, com a cabeça. Fiquei gelado. Não sabia o que fazer. Pensei: Ele está indo para o anfiteatro e é lá que eu deveria estar. Segui o Prestes... Entramos juntos(entendam, eu no meio dos aliados e seguranças). Fotos pra todo lado. (Tenho convicção que um dia vou ver uma foto minha com o Prestes).
Primeira frase dita pelo Prestes na sua palestra: um comunista nunca se atrasa. Aí justificou o motivo do atraso. Era tal de “falta de teto” no aeroporto do Rio.
Ouvi a palestra ao lado do companheiro Clausmar Siegel.
Essa história, contei aos meus alunos. A escola é “muito conceituada” e religiosa. Dei detalhes, tanta era a emoção de contar.
Na semana seguinte, voltei à escola e a vice-diretora – leiga nos dois sentidos - me chama e pergunta se era verdade o que eu tinha dito aos alunos “esta estória”.  Falei que sim!
Ela disse-me: Pletsch, como você conheceu Luiz Carlos Prestes se ele morreu na Segunda Guerra Mundial?
Fiquei triste! Não por ela! Pelos alunos!


2 comentários:

  1. Saudades de como conta a história com suas estórias... volta logo!
    Alice S.C

    ResponderExcluir
  2. Se lê isto, sabe que o tempo é brutal

    ResponderExcluir