sábado, 31 de março de 2012

Golpe militar de 1964...


Elites e militares derrubaram o governo de Jango
Alexandre Bigeli*
Da Redação, em São Paulo

O general e presidente Figueiredo (à esq.) e Médici
No começo da década de 60, o país atravessava uma profunda agitação política. Depois da renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, assumiu seu vice, João Goulart (Jango), um homem de convicções esquerdistas para a então política brasileira.

Faziam parte de seus planos as reformas de base, que pretendiam reduzir as desigualdades sociais brasileiras. Entre estas, estavam as reformas bancária, eleitoral, universitária e agrária.

O perfil de Jango logo preocupou as elites, que temiam uma alteração social que ameaçasse seu poder econômico. Por isso, uma série de decisões foram tomadas para enfraquecer o presidente. A mais famosa foi a adoção do parlamentarismo, que, em 1961 e 1962, atribuiu funções do presidente ao Congresso, então dominado por representantes das elites. O regime presidencialista foi restabelecido em 1963 após um plebiscito.

A crise econômica e a instabilidade política se propagavam no país. Jango propôs as reformas constitucionais que aceleraram a reação das elites, criando as condições para o golpe de 64. Com as reformas, Jango pretendia controlar a remessa de dinheiro para o exterior, dar canais de comunicação aos estudantes e permitir que os analfabetos, maioria da população, votassem.

O estopim do golpe militar aconteceu em março de 1964, quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.

Imediatamente, a elite reagiu: o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram, em São Paulo, a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade", que reuniu cerca de 500 mil pessoas. O repúdio a qualquer tentativa de ultraje à Constituição Brasileira e à defesa dos principios, garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens.

Apesar da manifestação, em 31 de março os militares iniciam a tomada do poder. No dia 2 de abril, o presidente João Goulart partiu de Brasília para Porto Alegre e Ranieri Mazilli assumiu a presidência interinamente. Dois dias depois, João Goulart se exilou no Uruguai.

Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Castello Branco foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967.

2 comentários:

  1. Há muitos vídeos no you tube mostrando a manifestação dos estudantes e população em geral em ato contra a comemoração do início da ditadura no Clube Militar no Rio de Janeiro,no dia 29/03 pp.Eis um deles:

    http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lDNC-9DJobc#

    Parece que a população enfim desperta para a luta política de fato.
    Nelson

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  2. Acho que os militares do tempo da ditadura querem esconder que houve muito mais torturados, assassinados e desaparecidos do que eles disseram.
    Só os primeiros dois depoentes na Comissão da Verdade contaram sobre o massacre de duzentos camponeses num só dia, no interior de Goiás.Daí veio o idiota do fascista do deputado Bolsonaro e começou a gritar com os que estavam fazendo o depoimento, para intimidá-los.
    Que medo que eles estão do povo brasileiro!
    Meu avô morreu assassinado só porque era líder sindical em Volta Redonda.Queria ver esses torturadores na cadeia.
    Cláudia Lemos

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